Vamos para mais um assunto que está presente no mundo da motovelocidade, mas, que nem sempre estamos com nossos olhos abertos para enxergarmos além.
Como a maioria de vocês sabem, eu vivo o motovelocidade a mais de 10 anos. Nunca tive o privilégio de estar sobre uma moto e pilotar como a maioria dos pilotos que conheço fazem, e acho que não tenho talento para tanto.
Daí, em um dos meus desvaneios, fiquei curioso de saber como seria se eu decidisse me aventurar nesse mundo como piloto? Sei que muitos amigos que nesse momento estão lendo essa matéria adorariam me ver subindo em suas motos para verem meu desempenho pífio, para não dizer desastroso.
Mas, no momento que pensei essa insanidade, surgiu a maior das minhas indagações;
Com quem eu faria meu primeiro curso de pilotagem?
Qual seria o curso mais indicado para alguém com o meu perfil?
Nesse momento, meu pensamento foi mais longe. Quantos de nós ao chegar num consultório médico perguntou ao doutor onde ele se formou antes de iniciar a consulta? Quantos de nós se preocupou em saber onde se formou o engenheiro que construiu a casa que moramos ou, qual foi a universidade que formou o advogado que defende nossas causas? Será que não deveríamos ser mais seletivos?
Pois é…
O mundo do motovelocidade apresenta questionamentos que deveríamos nos fazer a todo instante, mas que acabam sendo negligenciados ou são facilmente deixados de lado por influência de amigos.
Importante reforçar desde já, que sou um defensor ferrenho de que lugar de acelerar é no autódromo, que quanto mais pilotos estiverem pilotando em ambientes seguros e buscando evoluir a bordo de suas motocicletas melhor.
Qual curso escolher e com quem? Seriam alguns dos questionamentos. Mas precisamos ir além. Devemos sim questionar qual o preparo do mecânico que cuida do nosso equipamento, quem organiza o evento que participamos, qual estrutura temos a nossa disposição. Enfim, podemos ir longe e não vamos por diversos motivos. As vezes é porque aquele profissional é o que nosso bolso comporta, outras vezes é porque nossos amigos também estão lá e queremos estar com eles, os motivos são os mais variados. Você sabia que tudo isso tem um preço e o que parece barato pode nos custar muito caro depois?
Em relação aos cursos, nosso tema de hoje, é algo muito particular, onde a “receita” para um não se aplica ao outro. Algumas diferenças fazem com que essa busca precise ser ainda mais elaborada. Nos diferenciamos na vivência que temos de pilotagem, em nosso biotipo físico, no equipamento que usamos, e o principal, nas nossas expectativas e objetivos que também não são iguais.
O mercado é aberto, não existe nenhum tipo de controle sobre as escolas de pilotagem, não existe nenhuma regulamentação para a elaboração dos cursos, e cada vez mais vemos novos professores/instrutores e novas escolas de pilotagem surgindo. Nesse momento precisamos estar atentos. O que fundamenta esse curso? Qual é a base para se chegar aos resultados que eles oferecem sobre os mais variados temas (técnicas de frenagem, posicionamento do corpo sobre a motocicleta, pilotagem defensiva, etc?
Ao longo desses anos tenho o privilégio de conhecer, conversar, assistir palestras e acompanhar a trajetória de vários profissionais que colocam seus conhecimentos em cursos de formação de pilotos. Profissionais de diversas regiões do País e com as mais variadas experiências. Todo privilégio que tenho de conviver com essas pessoas tornaria ainda mais difícil minha “hipotética” escolha no momento de me aventurar em cima de uma moto.
Não pretendo com essa matéria colocar em “check” todas essas dezenas de cursos que vemos a todo instante nas mídias sociais, mas confesso, vendo algumas delas, eu teria sérias restrições de participar, e, intimamente, questiono seus métodos, e gostaria que vocês, meus leitores, também se atentassem e fizessem uma “reflexão” sobre alguns aspectos.
Para facilitar vou enumerar algumas perguntas que servirão para vocês se alto questionarem antes de investir seu capital e seu tempo, para não dizer, a sua vida.
– Quem vai ministrar o curso e qual sua experiência dentro do motociclismo?
– Para qual nível de pilotos foi elaborado o conteúdo?
– A pista onde será ministrado o curso é compatível com a proposta do curso e com o equipamento que vou utilizar?
– Qual a estrutura de segurança do evento (ambulância, distância do hospital a ser removido em caso de acidente, qual o nível dos profissionais de saúde que compõe essa equipe de atendimento)?
– O ambiente está disponível somente para o curso ou existirão outras atividades acontecendo simultaneamente?
Não vejo problemas em ter outras atividades intercaladas ao longo do dia, desde que, no momento do curso a pista esteja sendo utilizada apenas para as instruções dos alunos, sem nenhum outro tipo de ação para não comprometer a segurança dos participantes.
– Qual a metodologia empregada?
– Qual o número de aluno por instrutor no momento das atividades práticas de pista?
– Qual o nível desses instrutores que formam a equipe de trabalho?
– Qual o tipo de estrutura terei no local (alimentação, hidratação, convivência) para que esse dia seja agradável e proveitoso?
Uma observação, que, ao meu ver, se faz pertinente… ter como professor/instrutor alguém que ao longo de sua carreira como piloto detêm títulos nacionais e internacionais não deixa de ser uma boa referência, mas não é tudo. Nem sempre quem tem a vivência tem a didática e a facilidade de levar esse conhecimento a diante. Então fique atento, questione a escola de pilotagem e o “ministrante” do curso antes de se inscrever, acompanhe as redes sociais dessa empresa ou dessa pessoa, busque a referência de pessoas que já realizaram o curso com elas e extraia delas o que a realização do curso mudou em sua forma de pilotar.
Quanto mais conhecimento buscarmos, melhor, quanto mais cursos fizermos, melhor seremos e espero que muitos de vocês procurem sim tornar sua forma de pilotar cada vez mais segura. Não esqueça que o processo de aprendizado é uma via de duas mãos. Não basta estar com o melhor professor se você não estiver aberto a receber e a absorver os conteúdos. Então “sugue” o máximo que puder, mas entregue o seu melhor durante todo o processo.
Eu tenho minhas preferências e acompanho de perto o trabalho de algumas dessas escolas e profissionais que estão no mercado, toda via, como disse anteriormente, essas escolhas são muito pessoais e não gostaria que a minha escolha interferisse diretamente na sua.
Espero que tenham gostado e quero encontrá-los novamente por aqui na próxima edição.
Forte abraço…
GALERA SHOWWWWW!!!!