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MOTOVELOCIDADE: UM DILEMA NA GARUPA DOS PILOTOS DE MOTOVELOCIDADE PELO MUNDO A FORA.

A emoção das disputas na pista, a emoção estampada no rosto dos pilotos ao final das corridas, a adrenalina após voltas e mais voltas de pura superação…

Salve, salve, galera!!!

Dizer que o universo da motovelocidade é fascinante, que plasticamente é um dos esportes que mais prende o expectador e que tem adeptos no mundo inteiro é chover no molhado, segundo o dito popular.

A emoção das disputas na pista, a emoção estampada no rosto dos pilotos ao final das corridas, a adrenalina após voltas e mais voltas de pura superação, o desafio trazido por cada curva do circuito, o ultrapassar marcas incríveis de velocidade no final das retas é algo que mexe com a cabeça de todos os amantes do esporte e principalmente dos pilotos por todas as partes do mundo.

Nada disso é fácil e vem acompanhado de muito esforço, de muita dedicação e de renúncias que os pilotos precisam fazer para competir. Tudo isso passa despercebido ou não são claras e evidentes aos olhos de quem acompanha a distância o mundo das competições. Pior, quanto mais elevado o nível da competição maiores serão os sacrifícios, mas isso certamente será pauta de outras matérias.

Quando trazemos esse papo para as competições onde grande parte dos pilotos não são profissionais, ou seja, não praticam o esporte como fonte de renda e dividem suas rotinas de treinos com o trabalho, cuidados com a família, esse sacrifício também existe e vem num “combo” de condições que, às vezes, supera o esforço do piloto profissional. Mas como disse, esse assunto abordaremos mais à frente, porém, precisava fazer essa introdução, pois o que virá a seguir é proporcionalmente intenso e de delicada abordagem.

O tema de hoje vai além do papo corriqueiro de corridas bem-sucedidas, hoje quero abordar um lado sempre muito questionável, mas pouco falado e com diferentes opiniões e formas de serem resolvidas.

Não é segredo para ninguém que o esporte a motor tem seus riscos, isso falando de forma genérica. Quando falamos de corridas de motocicletas o assunto se torna ainda mais delicado, principalmente para quem não vive no meio e sente a angústia de ter alguém próximo em cima da moto.

Popularmente dizemos que o simples fato de estar apoiada sobre duas rodas fisicamente já é o suficiente para não ser segura, afinal, só de colocá-la em pé já sabemos que a queda se torna eminente. Também já ouvimos muitas vezes que no momento que o piloto engata a primeira marcha, ele assume o risco do que fará a seguir. Isso tudo me parece extremamente frio e superficial. O subir na moto e praticar o esporte envolve sentimentos que aqueles que nunca vestiram o macacão podem entender, existe um sentimento inexplicável que supera a razão e levam consigo uma série de sentimentos (liberdade, aventura, etc). Muitos pilotos dizem que o abaixar a viseira o transforma em outra pessoa, os leva a um “flow” completamente diferente daquilo que vivem diariamente e por aí vai.

Aí vem um acidente grave ou uma eventual fatalidade no esporte. E aí?

Agora cheguei propriamente no assunto que quero abordar. Como lidar com os questionamentos e com as pressões que surgem após uma fatalidade? De onde vêm esses questionamentos e quais são?

Esse assunto tem muito viés, que podem ser vistos por diversos prismas e receber abordagens filosóficas, ideológicas, algumas, racionais, outras nem tanto, mas, todas são justificadas, são válidas e precisam ser respeitadas.

Quando a fatalidade se faz presente no esporte, no caso de um acidente, precisamos ser racionais ao analisar e levantar os holofotes para o que poderia ter sido feito a fim de evitá-lo, ou ainda, ter o bom senso de entender se o ocorrido está dentro daquilo que faz parte do imponderável, mesmo tendo um peso considerável que é o valor da vida. Não quero aqui levantar posicionamentos ou questionamentos sobre nenhum acidente ocorrido ao longo dos anos, de forma alguma. Meu objetivo é apresentar aos leitores aquilo que sucede um episódio desses.

O auto questionamento e uma reflexão com pessoas mais próximas são sempre cruéis e inevitáveis, afinal, ninguém está imune a algo parecido, e todos sabem dos riscos e das circunstâncias que fazem parte desse tipo de episódio.

Algo que me parece mais difícil para os pilotos lidarem são as situações que estão do lado de fora do macacão e que não sobem na motocicleta, mas que fazem parte da vida deles e devem sempre ser levadas em consideração.

Ouvir os amigos mais próximos e principalmente aqueles que emocionalmente estão mais envolvidos conosco, como os pais, as esposas, os filhos passam a ser uma tarefa das mais complicadas. Para eles a angústia me parece ser maior, afinal, eles não estão lá dentro, eles não têm o controle sobre nada e por isso se sentem impotentes diante do inimigo imaginário que cresce dentro deles só de pensar em algo pior. 

Já para os pilotos que estão lá pelo prazer de viver tudo aquilo que relato no início, que tem o poder de tomar as decisões estando em cima da motocicleta e tem consigo a experiência de tudo aquilo que vivenciaram ao longo de suas experiências sobre duas rodas parece algo menos pesado para se concluir algo. Mas de fato, são os que mais se sentem pressionados. Por favor, não entendam a palavra “PRESSIONADO” como algo negativo nesse caso e jamais a colocaria com essa intenção.

Quando digo que cada definição e cada escolha nesse momento precisam ser respeitadas e aceitas, é, porque, ao longo desses anos, já vi escolhas completamente diferenciadas e sempre encontrei nelas fatores que as justificassem.

Nessa hora cada um se embasa nas próprias crenças, naquilo que acreditam como definição de “VIVER”, naquilo que levam consigo e que querem deixar com legado, ou ainda que acreditam ser mais valioso.

O que não podemos negar, é que esse peso colocado sobre as costas dos pilotos tem um significado gigantesco e por isso não cabe a ninguém o julgamento.

Nesse momento qualquer definição parece clara e ao mesmo tempo contraditória, depende do ângulo que estamos dispostos a enxergá-la. Algumas, mais a frente, poderão gerar arrependimentos, independente de quais tenham sido, outras parecem tão certas e definitivas que jamais terão retorno.

Quantas vezes não ouvi de pilotos que pararam de correr que sequer assistem corridas ou vão ao autódromo por medo de sentir a vontade de voltar a correr. Será que isso não é uma forma de arrependimento reprimido? Quantos não pararam por um tempo e voltaram? Quantos outros, por vontade própria ou por pressão familiar deixaram definitivamente os autódromos e convivem bem com esse sentimento?

O que é fato, e que levarei comigo enquanto estiver dentro do esporte é o desejo de mitigar ao máximo e com todas as forças os riscos que estiverem ao meu alcance ou ao alcance dos organizadores com quem convivo. Isso não pode faltar nunca por parte de todos que amamos e vivemos esse mundo da Motovelocidade. Mas, é inegável, em competições no mundo inteiro e de qualquer porte. Será uma eterna corrida do gato contra o rato, sempre haverá algo que ultrapassa o limite do previsível, que é incondicional e que pode sim trazer o pior sentimento que o esporte pode proporcionar.

 A vida é feita por escolhas, por desejos, por sonhos, por ideais e cabe a cada um fazer aquilo que lhe faz feliz.

Espero que tenham gostado, que os pensamentos aconteçam e que a reflexão seja o nosso exercício diário.

 Espero encontrá-los novamente por aqui na próxima edição.

Forte abraço…

GALERA SHOWWWWW!!!!



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