Jorge Prado sofreu uma lesão do joelho durante a pré-temporada e a situação de calamidade que se tem vivido permitiu-lhe continuar a trabalhar na sua recuperação. Há muito tempo sem tocar numa moto, a ansiedade de voltar à competição aumenta e Prado quer regressar a 100%.
“Como sempre foi possível sairmos de casa, sempre fiz treino de bicicleta e, além disso, antes de todas as lojas fecharem comprei duas coisas básicas para poder treinar também em casa. Ainda não peguei na moto e espero fazê-lo em breve. No entanto, concentrei-me na recuperação porque não tive muito tempo para o fazer e estou a usar estes meses de isolamento para fortalecer a perna lesionada e minimizar os problemas no joelho, para poder começar a andar de moto de forma totalmente saudável”, revelou Jorge Prado.
“Tenho lidado bastante bem com estes meses de isolamento. Estou na Bélgica e desde o primeiro momento que sempre foi possível sair e fazer desporto. Consegui fazer o meu plano de treino super bem e reforçar a minha perna, que ficou mal depois da lesão. Estamos no caminho certo, sinto muitas melhorias e por isso, quando conseguir voltar à moto, sentir-me-ei muito melhor”, disse o bicampeão mundial, ressalvando ainda que, apesar ainda existirem restrições, o regresso à normalidade parece estar a aproximar-se.
“As pistas de Motocross estão fechadas, as empresas, as escolas, e muitas outras coisas, mas desde a semana passada os circuitos começaram a abrir e a situação está a tornar-se bastante normal”.
Depois de se ter lesionado antes do início da temporada, o espanhol não teve outra opção senão encarar a sua estreia na na classe rainha de outra forma. Neste momento, quase recuperado, o maior problema que enfrenta é a incerteza.
“Este ano ia ser a minha primeira temporada na categoria de topo depois de ganhar os dois títulos do campeonato mundial de MX2. Tive o azar de me lesionar em dezembro, parti o fémur e cheguei às duas primeiras corridas sem treino praticamente nenhum. Foi para mim um desafio participar na corrida de abertura, porque dois dias antes não sabíamos se podíamos lá estar. Recuperei em tempo recorde, e estou super feliz por essa parte. Antes da lesão tinha algumas expetativas para a época e com ela mudei um pouco. Agora com esta paragem ninguém sabe se vai haver um Campeonato, quantas corridas vai ter, isto claro se houver alguma coisa…Está tudo um pouco no ar, por isso estou a concentrar-me em mim para estar pronto para quando as decisões sobre o Campeonato forem tomadas”, explicou Prado.
Como disse, apesar de ter conseguido participar nas duas primeiras rondas do campeonato deste ano, a sua condição física não era a melhor.
“Senti-me totalmente destreinado e longe do meu potencial. É difícil de avaliar a minha condição porque eu estava longe do meu nível. No entanto, eu sei que, se estiver bem fisicamente e me sentir bem na moto, posso lutar com os melhores. Não me senti muito confortável porque sentia muito desconforto no joelho, mas também me sentia bem porque pude começar a temporada. Consegui lutar um pouco com os melhores do MXGP”, disse o piloto da Red Bull KTM que não esquece de realçar a grande diferença que encontrou nas 450.
“As 450 são muito exigentes, mas as 250 também o eram. O estilo de pilotagem de uma 450 é muito diferente das 250. A 450 é uma moto que me assenta bem porque sou um piloto com uma condução bastante suave. Faço bom uso do seu motor e fisicamente não saberia se ele se cansa mais ou menos. Há pontos em que sinto que cansa mais do que as 250 e há outros em que, como tem mais potência, se pode relaxar um pouco mais. Na semana passada foi publicado um novo calendário para o Campeonato do Mundo e tem muitas corridas de Agosto a Novembro com todos os fins-de-semana seguidos. Para lá chegar bem e com capacidade para segurar a minha moto é preciso garantir uma boa preparação física. Se queremos lutar pelas posições da frente, temos de estar muito preparados porque temos de atingir o máximo e mantermo-nos assim durante todo o Campeonato”.
Jorge Prado tem seguido um plano físico apertado com a equipa, de modo a garantir que retoma a competição a 100%. “Estamos a seguir um plano de formação, baseado principalmente na reabilitação e recuperação da perna lesionada e, quando a tivermos saudável, daremos prioridade a outros aspetos”.
Com um novo calendário e a esperança de voltar à competição, naquele que é o seu primeiro ano em MXGP, Prado não poderia estar mais entusiasmado para lutar com os melhores no seu Grande Prémio de casa.
“Para mim é um grande orgulho ter uma corrida do Campeonato do Mundo em casa porque a maioria dos pilotos tem Grandes Prémios no seu país. Eu, sendo duas vezes Campeão do Mundo, merecia ter, não só por mim, mas por todos os fãs, um Grande Prémio em Espanha. É uma oportunidade também para os jovens e para o público que sei que há lá muitos fãs de Motocross. Vai ser um GP espetacular. Isto dá-nos esperança de que a modalidade possa crescer em Espanha, o que já está a acontecer, mas para todos é uma honra ter um evento desta natureza no nosso país”, avançou o jovem piloto espanhol.
Quanto ao Motocross das Nações, Prado não levanta muito o véu, até porque não nos podemos esquecer que, apesar de estarmos a caminhar para o final de maio, ainda só tivemos dois Grandes Prémios.
“Nos últimos dois anos, saímo-nos bastante bem e demos o nosso melhor. Se tivéssemos feito um pouco melhor nas corridas, teríamos mudado bastante os resultados, mas fizemos o melhor que pudemos. Para este ano vamos ver. Estamos longe do Motocross das Nações e não sei quem vai fazer parte da equipa. Ainda há muita época pela frente para melhorar e ver quem vai ser escolhido”, ressalvou Prado.
Apesar de a equipa espanhola não ter conseguido o sucesso que possivelmente desejou no ano passado, o piloto da Red Bull KTM afirma que o trabalho da Federação de Motociclismo Espanhola tem feito um grande trabalho na modalidade.
“Penso que está a fazer um excelente trabalho, especialmente nos últimos dois anos, no campeonato nacional e também com os pilotos e a equipa a nível europeu. Estão a ajudar muito ao crescimento do Motocross em Espanha e a fazê-lo crescer de uma forma mais profissional. Pessoalmente, estou super feliz por ver que estão a apoiar tanto o Motocross. Para nós, espanhóis, seria um sonho ter dois ou três pilotos que se destacassem a nível mundial, mas é muito complicado. Vamos ter de esperar. É muito difícil destacar-se a nível mundial. No entanto, não podemos dizer que nunca vai acontecer porque tudo é possível e espero ter colegas espanhóis a triunfar no Campeonato do Mundo de Motocross”, revelou Jorge Prado.
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Foto: KTM/Ray Archer