Desde o início da pandemia, em 2020, a motocicleta se consolidou ainda mais como uma das protagonistas no transporte urbano. Segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), de janeiro a setembro deste ano, foram licenciadas mais de 840 mil motos, alta de 33,3% em relação ao mesmo período de 2020. Seja para percorrer trajetos de casa até o trabalho ou para realizar entregas de mercadorias, as motos tiveram um crescimento acelerado. Com tantas motos rodando nas ruas, e uma situação econômica delicada em todo o Brasil, se torna necessário relembrar aos condutores sobre os perigos dos pneus remoldados.
O que leva muitos motociclistas a recorrerem a este tipo de pneus é exatamente o preço, que costuma ser mais baratos do que os novos. No entanto, há razões de sobra para proibi-los. “A primeira, e mais importante, é a segurança. Os pneus remoldados colocam a vida dos motociclistas em risco, pois geram total instabilidade e impossibilitam a dirigibilidade da motocicleta. Com isso, o risco de acidente é iminente, especialmente por ser um veículo com apenas dois pontos de contato com o solo”, explica Klaus Curt Müller, presidente da ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos. O executivo afirma que isso acontece porque os pneus de motos não foram projetados para serem submetidos a este processo.
Outro ponto a ser levado em consideração é a legislação para esses casos. O uso de pneus remoldados em motocicletas, motonetas e ciclomotores é proibido pela Resolução Contran 158, de 2004. O serviço de tais produtos também é proibido pela Portaria Inmetro nº. 554/2015 que é a mesma que regulamenta a certificação do serviço de pneus de automóveis, ônibus e caminhão. “Isso significa que, além de ser um risco à segurança, esta prática é ilegal e o uso deste tipo de pneu também pode causar penalidade aos condutores. A multa é de R$ 195,23 e o motociclista perde cinco pontos na carteira”, ressalta Müller.
Mas como saber a diferença na hora da compra? Todos os pneus que podem e são permitidos a passar pelo processo de reforma, como os de carro, ônibus e caminhão, utilizados em vias públicas, devem passar pela certificação compulsória do Inmetro e possuem a marca do órgão na lateral do pneu. No caso dos pneus de moto, como não existe permissão legal e regulamentar, o produto não apresentará número de registro do Inmetro, uma vez que não passa pelo seu processo de certificação.
Por fim, Müller destaca que existe uma diferença estrutural entre os pneus de motos e os de carros ou caminhões, que suportam a reforma. “A carcaça de um pneu de moto não suporta a reforma, pois, ao final da sua primeira vida ele está muito desgastado, não tendo estrutura para a reforma. Como disse, além de proibida a prática, é um risco para a vida do motociclista”, finaliza.