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Por onde anda Deninho #188 do BR para os EUA

Deninho #188 é um piloto muito querido no Brasil e agora também nos EUA, da tradicional família Alves no MX Brasileiro o esporte veio de berço para o piloto, pai, filho e irmão praticavam juntos a modalidade. Denner Alves ao lado do pai e do irmão ficaram bastante conhecidos no Motocross Paulista e Brasileiro.

Deninho sempre foi muito famoso pelo seu belo whip, mas num determinado momento a carreira do piloto que seguia do intermediário para o profissional no Brasil acabou se desviando para os EUA, por uma série de fatores pessoais. Durante nossa missão na América desse ano encontramos o piloto que nos contou em detalhes como vai a vida na terra do tio Sam, por isso decidimos abrir espaço aqui no nosso site para que ele mesmo contasse a vocês, por onde anda o Deninho #188?!

Denner Alves #188 em ação no Brasil

Fala galera do  , meu nome é Denner Alves, conhecido como Deninho, sei que talvez não me conheçam mas sou piloto e amante do esporte assim como vocês. Eu pratico motocross desde os meus 12 anos de idade e corri no Brasil por vários anos, em sua maioria corridas amadoras, mas também algumas corridas profissionais como Arena Cross, Superliga Brasil e Brasileiro de Motocross. Sempre correndo como piloto amador, por conta de trabalho e estudos. Me faltava tempo e dinheiro para me dedicar ao esporte, fazendo disso apenas um hobby.

Hoje, eu moro nos Estados Unidos, pratico motocross aqui e quero contar para vocês um pouco da minha experiência envolvido no motocross americano. Me mudei para a Florida nos EUA em 2017, logo após o falecimento do meu pai, desde então minha vida mudou completamente. Fiquei praticamente 1 ano sem andar de moto, mas assim que tive a oportunidade, comprei uma moto e voltei a andar. Foi ai que surgiu uma ideia, junto a um grande amigo meu (Ray Degodoy), de treinar firme pra tentar correr pelo menos 1 etapa do AMA Motocross no ano seguinte (2019). Sonho?! Sempre foi! Impossível?! Eu queria descobrir! Como nunca tinha tido nenhuma oportunidade parecida no Brasil, decidi tentar, não tinha como falar que não. Eu obviamente sabia que não seria algo fácil, mas só realmente saberia se iria dar certo se eu tentasse. Eu não queria ter a sensação, ou ter que dizer que eu não tentei.

Então, comecei a treinar de 3 a 4 vezes na semana, algo que nunca tinha feito na minha vida. Eu conciliava trabalho, treinamento e exercícios físicos, não me sobrava tempo pra nada. Mas eu sabia qual era meu objetivo, independente de posições, eu só queria evoluir meu nível ao ponto de ao menos conseguir classificar e correr o AMA. Depois de alguns meses eu consegui sentir uma boa evolução na minha pilotagem e velocidade na pista. Comecei a fazer algumas corridas na classe A, a classe mais forte das corridas amadoras aqui nos EUA, ganhei algumas e a maioria terminei em top 5. Já estava andando próximo a pilotos que já corriam no AMA, claro que eram pilotos que ficavam da vigésima (20°) colocação pra trás, mas isso me mostrava que era possível e eu estava mais do que feliz com a minha evolução.

A partir de então as coisas foram ficando mais difíceis, não apenas dentro das pistas mas também fora. Afinal, eu não tinha nenhum apoio ou patrocínio, precisava trabalhar para bancar tudo isso. Por mais que meu amigo me dava uma grande força, chegou uma hora em que já estava difícil de manter os gastos, e a matemática é simples, quanto mais você anda, mais você gasta e desgasta a moto. Por mais que aqui as coisas sejam mais em conta, ainda é um esporte caro. Cheguei a pensar que se eu me destacasse em algumas corridas talvez conseguiria algum apoio ou patrocínio, mas mesmo aqui isso é algo muito difícil, pois no mesmo nível que você tem vários outros pilotos. Como elevei meu nível e velocidade, também precisava investir e evoluir meu equipamento, suspensão e etc mas a grana estava curta.

Como o objetivo era correr o AMA motocross no ano seguinte (2019), resolvi correr o Mini’OS, um grande evento amador onde pilotos correm antes de subir para corridas profissionais. Eu vinha me preparando para isso, pois queria correr como teste para medir meu nível, e saber se eu estaria pronto para tentar algo no AMA. Quase 2 meses antes do Mini’OS eu acabei caindo feio em uma corrida regional da Florida, fiquei afastado da moto por 1 mês por conta de uma fratura no pulso esquerdo. Logo que voltei, fui participar de outra corrida e acabei levando outra queda, dessa vez eu machuquei o pulso direito, precisei ficar afastado mais alguns dias.

Então, chegou o dia do Mini’OS e tentei correr mesmo sentindo algumas dores, eu estava competindo na classe mais forte, 450 ProSport, fiz uma boa largada, andei um tempo em quinto, cometi um erro em uma seção e comecei a sentir muita dor no pulso. Já estava em 9° na corrida quando um piloto bateu comigo em uma curva e quebrou a carcaça do meu motor, com dor e um buraco no meu motor acabei abandonando a corrida. Assim que meu sangue esfriou, meu pulso não parava de doer. Ainda fiquei no evento para assistir as corridas, mas eu não corri mais. Durante a semana seguinte fui ao hospital e descobri que meu pulso estava quebrado, acredito que eu havia quebrado ele dias atrás e quando tentei correr o Mini’OS ele ainda não estava 100% recuperado. Enfim, meu pulso quebrado, minha moto quebrada, sem dinheiro e mal trabalhando, precisei ser realista, botar o pé no chão e deixar meu sonho de lado. Eu tentei, dei o meu melhor quando eu pude, mas mesmo aqui tudo é muito difícil, principalmente quando você precisa trabalhar e se dedicar o esporte.

Não quero usar isso como desculpa, pois sei que existem pessoas que podem fazer mais com menos, mas eu preciso se realista e entender quando algo não deu certo para mim. O ano acabou e nada de AMA para mim no ano seguinte (2019), bem, era o que eu pensava. Recebi uma mensagem, uma proposta de trabalho do piloto Ramyller Alves, sei que deve estar pensando que somos parentes por conta do sobrenome, na verdade não somos. Ele me disse que iria correr o AMA Supercross e que estava precisando de um mecânico, se me interessava trabalhar com ele. Num primeiro momento não era nada próximo dos meus planos, mas seria uma oportunidade única de participar de um mega evento como esse. Mesmo não sendo como piloto, eu posso dizer que foi sensacional estar dentro da pista no meio do estádio. A sensação foi muito próxima de um piloto.

Durante a semana, eu e o Ramyller ficávamos em seu trailer na pista de supercross do piloto RJ Hampshire, onde sempre aparecia pilotos de nome para treinar, como: Dean Wilson, Thomas Covington, Tyler Bowers, entre outros. A cada fim de semana estávamos em alguma etapa do AMA Supercross. Fomos para a fazenda do piloto Rick Carmichael, para o Ramyller testar as suspensões que a equipe dele iria usar nas corridas. Sim, eu fui na fazenda do Rick Carmichael, estava sendo um sonho realizado, imagina você conhecer, conversar e poder ver o lugar onde treinava o cara que você sempre assistiu correr na televisão, eu nunca na minha vida pude imaginar isso acontecendo.

Viajamos muito, conheci muitos lugares, muitas pessoas e muitos pilotos. Pude ver de perto o quão difícil é para ser um piloto profissional aqui nos EUA, mesmo dentro de equipes os pilotos ainda precisam colocar dinheiro do bolso, é claro que pilotos que andam em grandes equipes de fábrica, como: Honda, Kawasaki, KTM, Husqvarna, GasGas, e/ou Yamaha ganham muito bem para correr, mas os demais pilotos em sua maioria ainda gastam dinheiro para poder correr e fazer acontecer. Eu como a maioria de vocês sempre pensei que, aqui nos EUA, a partir do momento em que você se torna piloto profissional, não precisaria mais gastar dinheiro do próprio bolso e apenas ganharia para isso, mas a realidade não é bem assim.

Durante esse tempo eu não andei de moto, não me sobrava muito tempo para andar e minha moto ainda estava quebrada.
Com tudo isso, foi muito bom para eu poder enxergar essa realidade. Aqui nos EUA é muito mais fácil você ter uma moto e andar de motocross, tudo é mais em conta, mas isso não quer dizer que é mais fácil ser piloto profissional, pois assim como você existem vários outros pilotos na mesma jornada, com o mesmo sonho. Então a receita para ser um piloto profissional é um tanto quanto complexa, pois além do “básico”, que é o talento e a força de vontade, você ainda precisa de dinheiro, suporte, persistência, saúde, e muita sorte, para estar no lugar certo, na hora certa, e evitar acidentes e lesões.

Deninho executando no Brasil um dos whips mais estilosos do MX nacional, pouco antes de partir para os EUA!

Hoje, como amante do esporte quero continuar andando como hobby e me divertindo nas pistas. De certa forma realizei muitos sonhos, mesmo que não como piloto profissional. Posso dizer que vivenciei e fiz parte de um mundo que eu apenas tinha visto pela televisão. Agradeço a Deus por todas as oportunidades. Gostaria de agradecer ao   pela oportunidade de compartilhar um pouco da minha história no motocross aqui na América. Um grande abraço a todos e até a próxima.

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