Apresentamos os detalhes e segredos da Honda que o supercampeão brasileiro Bruno Crivilin utilizou no Mundial de Enduro, onde finalizou na sétima posição na categoria E1. Conheça essa poderosa 250cc que, segundo sua equipe, manteve muitos itens originais.
As motocicletas modernas já saem das fábricas com muita performance, oferecendo itens considerados especiais, que foram testados em campeonatos mundiais. As peças e a eletrônica dos novos modelos de série estão em um nível elevado, com itens até então exclusivos para as motocicletas das equipes de fábrica.
Foto Dario Agresti
Mas quando o assunto é encarar um Mundial, a história é outra, afinal de contas, a motocicleta tem que ter grande desempenho e ser confortável para o piloto, em muitos casos transformando-se em verdadeiros protótipos. Contudo, também há casos de determinado modelo de série oferecer grande desempenho e as equipes realizam apenas pequenas modificações, em grande parte para torná-la mais adequada para seu piloto.
Nesta edição nós destacamos a Honda CRF 250RX que o supercampeão brasileiro de enduro Bruno Crivilin utilizou no Mundial de Enduro. Tivemos a oportunidade de acompanhar uma etapa do campeonato e decidimos apresentar para vocês os detalhes e segredos dessa Honda. E ninguém melhor para falar dela do que o Brener Araújo, mecânico e parceiro de Crivilin no Mundial.
“Utilizamos a uma Honda CRF 250RX, de enduro. A diferença da RX e para o modelo de cross (CRF 250R), ambos modelos originais, é o descanso lateral, roda dianteira de 18 polegadas e tanque maior.
Agora, na moto do Bruno nós realizamos algumas alterações e trabalho na preparação, apesar da motocicleta apresentar muitos itens originais. Foi trocado o tanque de combustível por um menor, para deixar a moto um pouco mais estreita, na medida ideal para o posicionamento dos joelhos.
No sistema de suspensão, realizamos uma preparação para adequá-lo ao estilo de pilotagem do Bruno, como o jogo de lâminas. A equipe desenvolve e testa, mas sem alterar muito a parte interna, grande parte do sistema é original.
Foto Celestino Flaire Jr.
O eixo da balança também é feito pela equipe, para retirar a rigidez da motocicleta. Assim como os suportes do motor, que são de 6 mm, enquanto na moto original são 8 mm, lembrando que este modelo utiliza o mesmo chassi do modelo de motocross.
Fizemos alguns ajustes no mapeamento, para aumentar um pouco a baixa, mas também com um pouco de aumento na alta e média rotações, buscando eliminar o tranco do motor na aceleração total. O sistema de embreagem é da Rekluse, não a automática, mas a TorkDrive, que funciona como o sistema original, só que contribuindo nas saídas de curva, quando você precisa de um pouco mais de força. Utilizamos um tubo de acelerador de alumínio e um sistema de escapamento especial em titânio da Akrapovic. Ainda no motor, realizamos pequenas alterações, como na taxa de compressão, mas ele é praticamente original.
Foto Celestino Flaire Jr.
Para melhorar a refrigeração, substituímos os tubos originais por de tubos silicone, que refrescam mais rapidamente e, sendo um pouco mais grossos, armazenam um pouco mais de líquido. Retiramos também uma borracha localizada nos radiadores para deixar a motocicleta mais estreita, 3 mm de cada lado.
Foto Celestino Flaire Jr.
A embreagem é hidráulica, do nosso patrocinador Valentin, item que é o ponto de referência do Bruno, que faz questão desse sistema. Ela também produz um protetor de pinhão que evita a corrente escapar e, consequentemente, pegar na carcaça do motor.
A coroa é diferente da original, com dentes “de lado” que evitam a saída da corrente. Costumamos utilizar coroa de 50 dentes com pinhão de 13 dentes em todas as pistas.
Foto Celestino Flaire Jr.
Os suportes das pedaleiras também foram substituídos. Utilizamos suportes que deixam as pedaleiras 3 mm mais para trás e 1 mm mais baixo, contribuindo na condução da motocicleta, deixando o piloto mais no centro da motocicleta.
Outras novidades na motocicleta são o farol e a luz de freio, itens obrigatórios no Mundial. Instalamos também um protetor de motor longo, para proteger também o link. Substituímos as mesas originais por modelo da XTrig, para evitar a torção, e temos puxadores fixados nos eixos das rodas, para facilitar na hora de tirar o eixo, em possíveis trocas de roda.
Foto Celestino Flaire Jr.
No sistema de freios nós utilizamos discos e pastilhas da marca Braking, sendo o dianteiro maior que o original, com 270 mm, para oferecer mais desempenho, o que é importante no Mundial, além de ter design diferenciado, com melhor resfriamento. O disco traseiro apresenta a mesma medida do original, só que não tem orifícios, para frear menos e não travar a roda, além de consumir menos as pastilhas”, finalizou Brener.
Foto Celestino Flaire Jr.
Vale completar que Bruno Crivilin é piloto da Honda Racing Brasil e que no Mundial de Enduro teve patrocínio da Red Bull, Itaminas, ASW Racing, Pro Honda, Airoh, Eleveit, Edgers Racing, X-Brand, Borilli Racing, Pod e O2Cycles.