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TRAÇÃO: confira a entrevista com o diretor André Luis sobre o filme brasileiro

“Tração” é um filme dirigido por André Luís Camargo que combina competições em motos com temas políticos e apresenta cenas de Freestyle Motocross, Motovelocidade, Motocross e Supermoto, com previsão de estreia para o primeiro semestre de 2023.

Nada como começar essa coluna de entretenimento com uma obra nacional cheia de ação e velocidade que chega em breve nos cinemas. “Tração” é um filme dirigido por André Luís Camargo sobre competições em duas rodas em que um piloto convidado se arrisca em diversas modalidades no “Motoathlon”,  acompanhando o calendário nacional de motocross, em um ambiente cheio de adrenalina e intrigas entre os demais competidores.

Com Marcos Pasquim, Nelson Freitas, Fiuk, André Ramiro, Paola Rodrigues, Bruna Altieri e Duda Nagle no elenco, o filme tem previsão de estreia no primeiro semestre de 2023 e para matar a ansiedade, nós conversamos com o diretor André Luís Camargo para saber um pouco mais sobre o longa:

Em uma entrevista para o Pipocando Cast você disse que “O tração é entretenimento puro (…), mas de uma forma um pouquinho mais conceitual”. Pode nos dizer um pouco sobre a narrativa do filme que mistura o motociclismo – um esporte que está crescendo cada vez mais no Brasil – com a questão política trazida?

“Quando digo que o “TRAÇÃO” é entretenimento puro, quero dizer que ele é um filme honesto, transparente, e nossas pretenções em fazer um filme de ação

nacional com qualidade estão na própria narrativa do filme. Abrimos o filme com uma conversa entre os personagens principais falando sobre discursos cinematográficos e que filmes nacionais eram apenas “artísticos”. De certa forma, usamos uma metalinguagem para mostrar que nós conseguimos sim fazer filmes de ação de qualidade, e que, mesmo num ambiente esportivo, há uma narrativa padrão. Não temos pretenções de discursos políticos, mas subjetivamente há mensagens ali, muito sutis, que prefiro que o espectador tenha a experiência de perceber sozinho (…) Fugi de clichês de filmes de corridas, de briga de equipes, block pass desleais, mas também passamos por estes conceitos, de forma muita rápida. Os esportes em duas rodas, assim como o motociclismo em geral, está crescendo muito no Brasil. Acredito que nosso filme mostra isso, uma vez que o esporte e as motos simplesmente fazem parte da narrativa, como opção e paixão dos personagens.

Muito legal não ser um filme de corrida clichê, que acaba acontecendo muito e nos leva pra próxima pergunta: há medo em gerar essa comparação com os filmes de Velozes e Furiosos?

“Não tenho receio da comparação do “TRAÇÃO” com “Velozes e Furiosos”, mas não concordo. Primeiro, porque nosso filme é sobre motos. Até temos uma sequencia com carro perseguindo moto, mas todo nosso contexto é diferente. Acredito que o único ponto em comum que temos, é que também temos nos personagens principais um grupo de amigos lutando por um bem comum.

Você foi piloto de motocross em competições nacionais e internacionais. Como foi essa fase na sua vida e como é a sua relação hoje com o motociclismo?

“Sim, comecei a correr em 1989, com uma moto nacional. Em 1990, comprei minha primeira moto importada, uma CR 125 e comecei a participar do Campeonato Paulista, Brasileiro e o extinto, Hollywood Supercross. Tive alguns bons resultados, mas alguns acidentes acabaram me tirando da evolução exponencial que eu vinha e constância de pontos em campeonatos. Em 1992 tive uma experiência incrível, fiquei em Los Angeles treinando e competindo por alguns meses. Corri em Starwest Supercross, Glen Helen, Palmdale e conheci pilotos como Jeremy Mcgrath, Je Emig, Carmichael e tive oportunidade de conversar com Damon Bradshaw, um dos meus ídolos. Tive alguns ídolos, mas

sempre gostei muito de Je Stanton, Johnny O’Mara e Mike Kiedrowski, que aliás, tive a honra de ficar um pouco no box com ele, me deu várias dicas. Entre idas e vindas, acabei parando de correr em 2002. Minha última largada foi numa corrida em Americana, eu estava com uma YZ 250 e venci as duas baterias. Hoje em dia, não tenho mais moto. Mas pretendo, se o filme fizer sucesso, voltar a competir. Como também sou ator no filme, de repente até minha imagem ajude mais na divulgação do esporte, que também sempre foi uma das minhas intenções com este projeto. E talvez volte já na categoria MX5, pois nesse mês, completei 49 anos. (risos)

Quais as modalidades que vamos ver no “Motoathlon” que é a competição de motos do filme?

“No MotoAthlon teremos Freestyle Motocross, Motovelocidade, Motocross e Supermoto.

Vi no jornal sobre o fechamento de uma avenida em Campinas para gravação de uma cena de ação. Como foi a produção para uma cena daquelas que teve Fiuk como ator e piloto e a recepção do público que presenciou o momento?

“Para as cenas de perseguição, fechamos várias ruas e avenidas em Campinas, interior de São Paulo. Uma das principais foi a Avenida Norte Sul. Foi uma operação com mais de 100 pessoas envolvidas, 80 carros de figuração e equipe técnica com Porsche Camera Car. Fiuk, além de ator, é piloto de Drift, ele não usou duble nas cenas. Nesta cena em específico ele está perseguindo o personagem do André Ramiro, “Max”. Foram cenas de velocidade entre os carros de um lado da avenida, depois eles entram na contramão.Realmente foi uma das noturnas de mais adrenalina. Fora o desafio de realização, pois tínhamos apenas das 00h até as 4h da manhã para filmar, pois os ônibus da cidade cruzavam essa avenida, que é uma das principais da cidade. Nossa única janela era essa. Juntar todos, organizar e filmar em quatro horas, foi uma corrida contra o tempo.

Fotos: cortesia de André Luís Camargo

Uma cena do ator Tom Cruise viralizou na internet em que ele pula de um penhasco para gravação do próximo Missão Impossível e eu vi que vocês fizeram isso antes! Como foi gravar essa cena no Cânion do Espraiado?

“Em 2018, quanto surgiu a ideia de fazer um filme de ação com motos, eu encaminhei meu argumento para o roterista James Salinas, e queríamos uma cena que homenageasse o Cinema, tipo “Thelma e Louise” (1991), sequência final do salto do carro no Grand Canyon, o salto de esqui com paraquedas em “O espião que me amava” (1977). A ideia era saltar com uma moto num cânion. A ideia era ótima, mas a razão falava mais alto, era impossível uma produção independente fazer isso. Todos os custos envolvendo logística até um cânion, duble com expertise para isso, a moto, paraquedas, era tudo um universo muito distante. Então resolvi tirar. Fizemos a leitura do roteiro com elenco no dia 8 de março de 2020, estávamos prestes a começar a filmar quando veio a quarentena. Passamos Abril, Maio, trancados em casa e numa determinada manhã resolvi fazer o storyboard deste salto. Olhei para o papel desenhado, pensei, pensei e resolvi que iria fazer a cena. Tomada a decisão, comecei a pesquisar regiões do país onde haviam estes cânions. Comecei meu trabalho de produtor executivo, tentando achar alternativas, apoios e em paralelo, algum duble que soubesse andar de moto e encarasse esse desafio. Entre todos contatos, me indicaram um profissional de WingSuit, que são aqueles macacões especiais com asas, o Gabriel Lott, que já havia sido Campeão Mundial consecutivo e por uma coincidência do destino, ele também havia sido piloto de motocross, tinha intimidade total com a CRF 450, que era a moto que o personagem do Marcos Pasquim, “Ajax”, usava na cena. Estudamos as variáveis climáticas junto com as pessoas da região e o duble Gabriel Lott, que já tinha ampla experiência em saltos de paraquedas e wingsuit na região. Não tínhamos recursos para ensaiar o salto, tínhamos apenas uma diária. Uma chance. Um take. Mas mesmo com todas as dificuldades, conseguimos filmar e a cena ficou maravilhosa! Dois meses depois, vazou um video de uma produção americana, na qual o ator e produtor Tom Cruise saltava de um cânion na Noruega com uma

CRF 450. Ficamos um pouco chateados, pois frente à grandeza da produção do seu filme, poderiam pensar que copiamos a cena dele. Eles construíram uma rampa para ele ensaiar o salto e depois construíram outra rampa igual no cânion e saltaram 6 vezes no mesmo dia para filmarem, nós não tínhamos recursos para isso, como disse, era apenas uma chance. Tenho isso em vista, só posso afirmar uma coisa, temos potencial no nosso cinema. Podemos não ter todos aqueles recursos, mas temos talento, coragem e resiliência necessárias para fazer igual ou melhor. Aproveito para deixar meu recado: Viva no Cinema Brasileiro!

Por último, eu me atentei bastante para os números das motos de alguns personagens. 5, 6, 11 e 113. Foram escolhidos por algum motivo ou de forma aleatória?

“A escolha dos números tem apenas um aspecto conceitual de serem números, remetendo a um possível ranking, mas também fiz um estudo numerológico de características psicológicas dos números do “Ajax” (5) e do “Max” (6) que se associam às características de cada um. Já do meu personagem, “Nivaldo”, o “11” foi por conta que usava este número nas corridas, ou o “74”, que a soma, também dá “11”. Já o “113”, foi um problema de produção que tivemos, Não conseguíamos motos de motovelocidade e a Honda conseguiu disponibilizar de última hora de um piloto e nosso departamento de arte não teve tempo de produzir os numerais para a motovelocidade.

Confira abaixo o teaser do filme “TRAÇÃO” e fique atento as nossas redes sociais para novidades do filme!



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