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Mulheres sobre duas rodas: elas pilotam suas próprias vidas

Competir sobre duas rodas já não é mais “coisa de homem”. Há anos as mulheres têm ganhado espaço nas pistas e se tornado protagonistas de suas equipes e, principalmente, de suas próprias vidas. É possível notar o fortalecimento delas em diversas atividades da sociedade, até mesmo naquelas consideradas “masculinas”. A luta é diária, mas relembrada todo 8 de março, data em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher.

O número de filiadas à CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo) cresce a cada temporada, com um aumento anual de mais de 20%. No início elas competiam somente ao lado dos homens e, hoje, possuem categorias exclusivas em várias das modalidades. Em apenas dois meses corridos de 2021, o número de pilotas cadastradas na entidade já passa dos 100 e a expectativa é de que esse número seja ainda maior.

Elas pilotam suas próprias vidas

Ela marcou uma nova era para as mulheres no esporte sobre duas rodas. Barbara Neves, de apenas 20 anos, foi a primeira mulher contratada para compor a equipe oficial de uma marca no motociclismo brasileiro, em 2019. Ela veste o uniforme vermelho da Honda Racing Brasil e pilota uma CRF 250F nas trilhas de Enduro. Na garupa carrega 12 títulos, sendo três deles como campeã brasileira na categoria EFeminina e dois como campeã latino-americana da modalidade.

Assim como a maioria das mulheres praticantes do esporte, sua paixão vem de berço. As maiores inspirações de Bárbara são seu pai e seu irmão, que a presentearam com uma moto aos quatro anos de idade. Depois disso ela se aventurou em outras atividades, mas aos 11 anos percebeu que sua vocação era acelerar. “É uma paixão sem limites, faz parte da minha essência. Quando estou pilotando me sinto livre e feliz. A adrenalina me motiva a transpor os obstáculos tanto das trilhas quanto da vida”, diz.

Ela conta que, em cima da moto, a vaidade fica de lado em nome dos desafios do esporte. “Estamos sempre em busca de novas aventuras, quebrando tabus. Não é fácil ser mulher, pois ainda existe machismo na nossa sociedade, mas com passos de formiguinha as coisas estão melhorando e a cada dia conquistamos nosso lugar. Acredito que com o motociclismo podemos conscientizar pessoas e empoderar as mulheres”, fala a atleta.

O número de meninas nas categorias de base do motociclismo aumenta a cada dia. Com isso, Bárbara Neves deixa seu recado às que querem crescer pilotando. “Como tudo na vida, o começo não vai ser fácil, mas se é seu sonho vale a pena correr atrás. Era meu sonho e hoje estou vivendo ele. Vocês que estão começando, podem contar não só comigo, mas com todas nós que já estamos presentes no esporte”, finaliza.

 

 

Quando se fala em Motocross, logo vem à cabeça Maiara Basso, da Yamaha Racing Brasil. A gaúcha de 24 anos é uma das principais pilotas do motociclismo brasileiro. Ela iniciou cedo no esporte e já acumula cinco títulos do BRMX na categoria feminina. “O motociclismo faz parte da minha vida. São 17 anos vivendo isso e cada vez mais cultivo o amor pelo esporte em duas rodas”, fala.

 

Maiara conta que se sente à vontade no motociclismo e que quer ver cada vez mais as mulheres no topo do esporte. “É um esporte maravilhoso, nos dá liberdade e nos proporciona momentos incríveis. Vejo que a cada ano estamos ganhando mais o nosso espaço, hoje temos muitas que andam e disputam de igual para igual com os homens. Temos que mostrar nossa determinação e que somos capazes de ter qualquer profissão”, ressalta.

Para as que querem dar a acelerada inicial, Maiara aconselha: “Faça um curso de pilotagem, use os equipamentos necessários e jamais deixe alguém dizer que você não pode andar de moto. Somos donas do nosso próprio caminho, podemos fazer tudo que um homem faz e ainda maquiadas e cheias de estilo”, diz.

Maiara Basso também disputa o Campeonato Brasileiro de Velocross e é pentacampeã na modalidade, além do título do Campeonato Brasileiro de Enduro, conquistado em 2018.

Atravessando fronteiras

 

Janaína Souza, de 31 anos, é a atual campeã feminina do FIM Bajas Rally World Cup, em cima da Honda CRF 450RX, representando a equipe Team Bianchi Prata. Com isso, ela se tornou a primeira mulher a conquistar um título mundial na história do motociclismo. “Eu amo estar neste meio, os meus melhores amigos estão no motociclismo. É meu estilo de vida, minha grande paixão, meu tudo”, fala.

No ano passado, a atleta que mora em Portugal ministrou um curso de pilotagem em Mogi das Cruzes (SP) e se viu diante de 30 mulheres que sonham em ser pilotas de renome. “Precisamos sempre ajudar as outras. Ser mulher em um mundo onde os homens predominam é desafiador, mas muito encorajador. Ao mesmo tempo que tem os que não gostam, tem os que nos incentivam. Eu mesma sempre fui muito motivada pelas pessoas que duvidaram de mim”, conta.

Outro marco importante em sua carreira foi dado antes, em 2015. Ela foi a primeira campeã do Brasileiro de Enduro após a implantação da categoria feminina, mantendo o título no ano seguinte. Antes tinha alcançado o terceiro lugar na categoria E30, disputada por homens.

Na prateleira, Janaína guarda com carinho os troféus que recebeu como Piloto Revelação do Rally dos Sertões, em 2017, e no Guidão de Ouro, em 2018.

 


Mariana Balbi, da Pró Tork, foi a primeira brasileira a competir e subir ao pódio no Campeonato Americano de Motocross, o AMA. A pilota de 30 anos também é a única mulher do mundo a marcar pontos no Campeonato Mundial de Motocross. “É uma vitória para todas nós mulheres vencer o machismo e quebrar barreiras impostas por nossa sociedade. Já fizemos bastante coisa e temos que continuar lutando para conquistar nosso lugar”, diz.

Ela ainda dá um recado às que estão começando: “Não desistam e não deixem que ninguém diga o que elas podem ou não fazer. Temos que seguir nosso coração e fazer o que realmente queremos”, finaliza.

A CBM parabeniza a todas as mulheres presentes não só na pista, como também nos bastidores de todas as modalidades.

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