No início do ano de 2008 nasceu a primeira Revista Pró Moto, fruto do Jornal Jeca Jóia.
Por Renato “Jeca Jóia” Furmann
O que escrever no primeiro editorial de uma revista que demorei 7 anos para fazer? Sim, 7 anos, e quatro meses! Era dia 17 de setembro do ano 2000, eu ainda cursava a Engenharia na UFMG, e naquele dia havia disputado mais uma prova de enduro de regularidade. Estávamos na cidade mineira de Barbacena. Eu e meus parceiros de Enduro: Gabriel Antonoff e Danilo Tolentino. Junto a outros pilotos, queixávamos que, apesar de nossos bons resultados (todos da categoria Júnior), nossos nomes nunca apareciam nos meios de imprensa. Nenhum Jornal: Estado de Minas, Diário da Tarde, O Globo, Folha de São Paulo, etc, nunca divulgavam resultados de provas. Aí todos bradavam: “Assim nunca iremos conseguir patrocínio, nosso nome nunca aparece nem em jornal! Quanto mais em Revistas, Rádios, Televisão. ” Naquele momento respondi a eles a seguinte frase: “A não ser que nós mesmos façamos nosso próprio Jornal! ” Sem saber eu estava decretando a transformação de minha vida, e tenho certeza que ao menos uma ligeira alteração em várias outras.
A partir daquele dia, Deus, que sempre esteve do meu lado, me apoiou em cada dificuldade e cada desafio, afinal, era tudo novo para mim, que já estava me acostumando ao fato de me tornar um Engenheiro mecânico. Já no mês seguinte surgia a primeira edição do Jornal Jeca Jóia, com 4 páginas e 3 mil exemplares de tiragem. Na edição seguinte foram 8 páginas, e depois 12, 16, 20 páginas e a tiragem passou para 7 mil e depois 10 mil exemplares. Com este crescimento todo em pouco tempo de existência, eu pensava comigo mesmo que na verdade o que eu queria fazer era uma Revista. Mas ficava como sonho, a cada orçamento que eu fazia junto às Gráficas. Concluí comigo mesmo: “Se quero chegar a uma Revista, tenho que caminhar em direção a ela, passo a passo, subindo cada degrau, pois se for fazer, tenho que fazer bem feito”. Aliás, sempre pensei assim, e quem acompanha a trajetória do Jeca Jóia sabe disso.
A vida inteira atendi a cada telefonema, desde quando o escritório se resumia a meu próprio quarto, até nos últimos anos, nos quais já possuímos escritório próprio (alugado é claro, mas nunca atrasamos um aluguel!!). No início, “Dona Esther”, minha mãe, as vezes atendia o telefone e se passava como “Secretária do Jeca Jóia”, era muito engraçado.
Em julho de 2004 fui premiado com a “aparição” da minha esposa, parceira, companheira (tudo!) Michelle Mello, que num passe de mágica, abandonou a futura carreira na área de Turismo, e seu esporte, a escalada, para se transformar na “Jeca Girl”. No início de 2005, Michelle passou a me ajudar nas diversas funções do meu trabalho, e me permitiu subir mais alguns degraus em direção à Revista que você está lendo agora. Outro parceiro de longa data, meu amigo Sasdelli, sempre a postos, valeu Xandelli.
Felizmente somos mineiros, e todo mineiro já nasce com um manual de instruções, onde está escrito: “Trabalhe quieto, e não conte seus sonhos antes de realizá-los. Mantenha o segredo, e faça a coisa certa. ” Assim prossegui minha caminhada. Tive uma ótima oportunidade de “estágio” na Revista Tribo off-road. Agradeço ao Beto Andrich e principalmente do Sebastião “Rôia” Lago Jr., da Editora Quanta, pois, naquela oportunidade, conheci o lado Revista que o trabalho do Jornal não me permitia enxergar claramente. Como o Jornal continuava crescendo, fui obrigado a me desligar da editora Quanta, pois meus objetivos, já bastante claros, se viram impelidos a adaptarem-se à uma nova realidade: Eu e Michelle nos casamos e resolvemos nos mudar para Poços de Caldas, interior de Minas, para uma vida mais tranquila (BEM MAIS!) que a de Belo Horizonte. Aqui em Poços, que fica colada em São Paulo, continuei, a cada mês, me preparando para a Revista do Jeca. O segredo foi praticamente revelado no mês de outubro de 2007, quando, na edição especial do Salão das Duas Rodas, utilizei um papel Revista, um teste final, para saber se já tínhamos aprendido a trabalhar imagens com maior qualidade. Após aquela edição, foram vários os e-mails perguntando se iríamos “virar revista”. Àquele momento eu já tinha tido uma boa reunião com o pessoal da Gráfica Globo Cochrane, co-responsável pela qualidade destas páginas, e já sabíamos, eu e Jeca Girl, que o sonho estava próximo de ser realizado.
Do Salão para cá, foram 50 dias trabalhando direto, sem sábado e sem domingo, para adequarmos ao grande volume de informações que passaríamos a divulgar. Sobre o conteúdo da Revista, teremos coberturas de todos os esportes nacionais relacionados às motos, sem qualquer discriminação. Divulgar MUITO as trilhas e os Enduros de Regularidade, eventos maravilhosos que contam com uma turma incrível na organização destes. Há tanto tempo que eu lia, em seções de cartas de outras revistas, a seguinte pergunta: “Porque vocês não falam das trilhas, dos Enduros? ”.
Finalmente hoje eu posso responder a todas aquelas perguntas de uma só vez: “Agora nós temos uma revista do Regularidade, das Trilhas, viva! E os demais esportes, sim: Motocross, Supercaros, Rally, Trial, Supermoto, Motovelocidade, Velo terra, Arrancadão, Enduro FIM, todos estarão aqui sim, ocupando democráticas páginas, com o objetivo de informar e continuar unindo Pilotos, Treieiros e Rôias, de norte a sul, afinal, quem pratica sabe o quanto nosso esporte é incrível e o quanto a turma que o pratica também é.
Para finalizar, quero PEDIR a você que, se gostar deste produto, indique aos seus amigos, para que comprem também, ou façam sua assinatura. Eu não tenho ainda o capital de giro para garantir as próximas edições, e preciso que mais de 6 mil exemplares sejam adquiridos, para continuar o trabalho. Assim, se você puder indicar esta Revista a quem considerar interessante, eu agradeço. Bom, não tenho mais espaço para este editorial, e nosso papo continua na próxima edição! Ah, e nunca desista dos seus sonhos, por mais que eles demorem anos a serem realizados. Saiba que você está segurando em suas mãos, o meu sonho!
Leia a edição 174 da Revista Pró Moto Off Road, clique aqui