HomeMotoraidRace Test – KTM 250 SX-F 2023

Race Test – KTM 250 SX-F 2023

Uma das motocicletas mais vencedoras do Mundial de Motocross na categoria MX2 nos últimos anos é a 250 SX-F, modelo que a partir do século 21 vem sendo praticamente imbatível. De 2000 até 2021, ela não venceu somente cinco temporadas e manteve o número 1 em seu number plate de 2008 até 2014. Na história da categoria MX2, a marca austríaca conquistou seu primeiro título com o americano Trampas Parker, em 1989, quando a categoria era denominada 125 (com motores 2 tempos). Ela voltou a vencer em 2000, com o sul-africano Grant Langston, e novamente foi campeã no ano seguinte, com o britânico James Dobb. Repetiu o resultado em 2003 (último ano da nomenclatura 125), com o belga Steve Ramon. Já como categoria MX2, com a chegada dos motores 4T), venceu em 2004, com o australiano Ben Townley. Mas foi a partir de 2008 que a KTM começou a dominar a categoria, ano que o sul-africano Tyla Rattray venceu o Mundial. Na sequência, foram campeões o francês Marvin Musquin (2009 e 2010), o alemão Ken Roczen (2011), o holandês Jeffrey Herlings (2012 e 2013) e o francês Jordi Tixier no ano seguinte.

O domínio da KTM foi interrompido em 2015, quando o esloveno Tim Gajser foi o campeão pilotando uma Honda. No ano seguinte, em 2016, a KTM voltou a dominar a categoria com Herlings, depois com o letão Pauls Jonass (2017), o espanhol Jorge Prado (2018 e 2019) e o francês Tom Vialle (2020). Na temporada passada houve outra quebra de invencibilidade, com o francês Maxime Renaux, da Yamaha, conquistando do título da categoria. Já na temporada atual, Vialle está brigando novamente pelo título, com o belga Jago Geerts, da Yamaha. Portanto, deu para ver que a KTM vem dominando a categoria 250 e a sua SX-F 250 é realmente uma motocicleta vencedora.

Mas a marca austríaca decidiu renovar sua linha de motocross para 2023, com a 250 também apresentando todas as novidades da sua irmã mais poderosa, a 450, lembrando que normalmente é a 450 que recebe primeiramente as alterações, que são repassadas no ano seguinte para a 250. Vale dizer que essa mudança na linha 2023 já era prevista, após a KTM apresentar a linha Factory Edition 2022 totalmente renovada, uma prévia dos modelos de série para o ano seguinte.

Não podemos esquecer que a renovada motocicleta austríaca também já garantiu um título brasileiro, com o piloto Lucas Dunka, da Pro Tork KTM, na categoria AX2 do campeonato Arena Cross. E foi justamente na Super Final do Arena Cross (confira matéria nesta edição), realizada no final de agosto, que a KTM Brasil surpreendeu o mercado ao apresentar o modelo com duas novidades: a SX-F foi nacionalizada e já está disponível no mercado nacional.

Assim, a KTM 250 SX-F 2023 torna-se a primeira motocicleta off-road da marca austríaca a ser produzida no Brasil. O processo de nacionalização do line-up representa uma nova fase para a KTM Brasil, que expande suas operações na unidade fabril em Manaus (AM) e incrementa tanto a linha de enduro como agora também as de motocross, essa estratégia que resultou uma significativa redução no preço da motocicleta.

“Nosso objetivo é oferecer as melhores e mais desejadas motos desse mercado, alinhadas às novidades da marca no exterior”, comemorou Fábio Campos, diretor da KTM Brasil. “Iniciamos a produção de motos de motocross lançando primeiro a 250 SX-F, mas outros modelos virão na sequência”, revelou.

TOTALMENTE RENOVADA – Mas o que o novo modelo desta motocicleta vencedora apresenta de novidade? Praticamente tudo! Segundo a fábrica, o objetivo das mudanças foi buscar melhor desempenho, maior estabilidade e fácil manuseio em qualquer nível de pilotagem, além de um design atualizado, tudo para que o piloto possa ter total controle da motocicleta, independente dos obstáculos e tipo de piso. As alterações visaram a centralização de massa, menor peso e o melhor efeito “anti-squat”, para garantir a aplicação perfeita da potência na saída de curvas, enquanto pedaleiras mais centralizadas evitam o risco de se prender nos sulcos mais profundos. Mas não pense que os engenheiros da KTM deixaram de lado a eletrônica. A nova 250 apresenta uma grande novidade: o sistema quickshifter, que permite mudanças de marcha sem o uso da embreagem da segunda para a quinta velocidade.

Começando a detalhar as principais novidades, a ergonomia evoluiu com as novas medidas do triângulo de condução (guidão, pedaleiras e banco), que geram maior contato dos joelhos às superfícies. O banco mais plano facilita os movimentos, enquanto uma nova cobertura super aderente possibilita controle superior. Os plásticos foram redesenhados para obterem o menor acúmulo de lama e barro, e o guidão é estilo Fat Bar (sem barra central), da marca Neken.

O chassi apresenta novo design, com o suporte do amortecedor traseiro forjado e a rigidez reformulada para gerenciar melhor o conforto do piloto. Cortado a laser e soldado por robô, o novo chassi apresenta um feedback excepcional ao piloto. Realocar as massas para mais perto do centro de gravidade e com parâmetros de flexão longitudinal e torção calculados para absorção de energia, permitiram que o chassi atue como uma espécie de “amortecedor” e proporcione maior facilidade de manuseio e, portanto, menos fadiga na pilotagem por muitas voltas. Mas ainda rígido em qualquer velocidade, graças à conexão da coluna de direção forjada e às mesas em alumínio de alta qualidade usinadas, que geram maior rigidez na região. A geometria mais precisa e o alinhamento perfeito do garfo causam um efeito mais suave e responsivo, ou seja, mais controle e precisão do piloto. E o subquadro é novo, otimizado, em poliamida híbrida e alumínio, para maior durabilidade.

O garfo WP XACT foi atualizado. Ele traz recurso pneumático, com reservatório de ar, tubos de 48 mm de diâmetro e regulagens divididas, que melhoram a resistência quando exigidos ao extremo e minimizam o efeito de extensão em saltos e impactos. Os protetores foram redesenhados e oferecem maior proteção contra sujeira. Na traseira, o amortecedor WP XACT foi completamente redesenhado, ganhando um corpo mais leve e mais curto e novos itens internos, que refletem em maior tração das rodas no solo e uma absorção de energia sem igual na categoria. Vale destacar que o novo sistema de suspensão é ajustável sem usar nenhuma ferramenta. Em poucos segundos, o piloto pode realizar com as próprias mãos a melhor afinação da compressão de alta e baixa velocidades. E dianteira e traseira contam com ajustes de pré-carga, bem como de compreensão e retorno de simples acesso.

O coração da motocicleta, seu motor, foi redesenhado e ficou inclinado 2º para trás e 8 mm mais curto, resultando aindo no posicionamento do pinhão 3 cm mais baixo. As novas medidas contribuíram para a centralização de massas e o efeito “anti-squat”, além de estar mais leve – apenas 26,11 kg) – e com potência máxima de 47 cv. Lembrando que este modelo oferece o sistema de embreagem hidráulica (com modulação altamente controlável e operação leve), partida elétrica, controle de largada e de tração (através de mesmo punho de comando e com notória vantagem em situações lamacentas ou molhadas) e dois mapas de potência, de fácil acesso, sendo que o mapa 1 com uma curva de potência mais linear e o mapa 2 trazendo aceleração explosiva.

Os freios são praticamente os mesmos do modelo anterior, com sistema Brembo de alta tecnologia, discos (“wave”) de 260 mm na dianteira e 220 mm na traseira, bem como as rodas, montadas em cubos usinados (CNC) e aros Excel high-end, que oferecem mais desempenho, durabilidade e leveza.

Se tudo isso não bastasse, agora o modelo é “made in Brazil”. A fábrica informa que os modelos chegam nas concessionárias neste mês (setembro) com queda substancial do preço: R$ 63.490 (sem frente), com garantia de 3 anos.

Diante dessa importante novidade, não perdemos tempo e já na segunda-feira, dois dias após o lançamento do modelo, conseguimos agendar um teste exclusivo, que foi realizado no Centro de Treinamento do Kalango Cego. Confira as impressões do piloto Crispy Arriegada, que teve o privilégio de acelerar a novidade.

ACELERANDO A 250 SX-F – “Nas primeiras voltas, nem parecia que estava pilotando uma KTM, ela está muito diferente, com um comportamento totalmente distinto do modelo 2022. Na segunda sessão de treinos já me senti muito confortável na moto, muito bem encaixado. Ela permite muita movimentação na condução, com seu banco mais plano e os comandos mais na mão, além de ser muito leve tanto nas curvas como nos saltos, passando a impressão que você consegue pular até mais.

Gostei muito da ciclística, apesar de me achar estranho na motocicleta no primeiro treino. Mas logo fiquei muito à vontade, totalmente confortável e com grande controle da motocicleta. Ela é muito fácil de pilotar, e a cada volta me senti mais rápido. Você tem controle total da motocicleta, pela sua leveza e agilidade. Rapidamente você se adapta ao seu comportamento e desempenho, permitindo pilotar cada vez mais rápido e agressivo.

As suspensões se apresentaram mais firmes que o modelo anterior, bem firmes mesmo, principalmente nas partes rápidas. Consegui passar bem as retas com muitos buracos na pista seca e um pouco dura, me sentindo confortável e confiante na motocicleta. Ela transmite a impressão de estar mais fácil de pilotar, é realmente uma motocicleta sensacional!

Quanto aos freios, não senti muita diferença e, como nos modelos anteriores, continuam bem eficientes, equilibrados e controláveis.

O motor é bem progressivo, permitindo saídas rápidas de curva em baixas rotações, e ele ‘explode’ de média para alta, é muito forte, chega a impressionar. Gostei muito do comportamento do motor, que é diferente do modelo anterior. E permite ser conduzido por qualquer nível de piloto, aproveitando os mapas eletrônicos. Ele é forte, mas com controle. Tenho certeza que todos vão gostar do seu comportamento, é um motor original com grande tocada.

Quanto ao novo sistema Quickshift, ele é sensacional, uma sensação muito boa, incrível, principalmente nas saídas de curva. É estranho no começo, porque estamos acostumados a utilizar a embreagem para trocar de marcha, mas depois de se acostumar, você se sente mais rápido e ganha segundos na competição, fator importante para quem procura bons resultados em uma prova.

Resumindo, gostei muito do novo modelo. Ele está mais bonito, mais leve, é fácil de pilotar e tem muita performance. O motor é poderoso, mas controlável. Posso afirmar que você não vai querer parar quando estiver pilotando a nova KTM, tanto que anoiteceu quando estava realizando este teste (risos). Aproveito para agradecer à KTM Brasil, por ter me dado a oportunidade de testar esta nova motocicleta”, finalizou Crispy.

Fim deste teste exclusivo e a certeza que a nova motocicleta oferece melhor desempenho, agilidade e controle do que o modelo anterior. E para deixar tudo melhor, ele agora é nacional e seu preço foi reduzido. Provavelmente, as unidades disponibilizadas não são grandes, então, se você é um amante da marca ou tem uma queda pela motocicleta laranja e pretende acelerar um modelo 2023, corra, pois com certeza alguns praticantes ficarão sem o modelo.

ESPECIFICAÇÕES

Motor: monocilíndrico, DOHC, refrigeração líquida

Cilindrada: 249,9 cc

Transmissão: 5 velocidades

Alimentação: injeção eletrônica, Keihin EFI, 44 mm

Chassi: tipo berço duplo, em aço cromo-molibdênio (25CrMo4)

Suspensão dianteira: WP XACT, invertida, 48 mm de diâmetro, 310 mm de curso

Suspensão traseira: WP XACT, 300 mm de curso

Freios: hidráulicos a disco, 260 mm e 220 mm de diâmetro

Tanque: 7,2 L

Peso: 101 kg (sem combustível)

 



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